Astrônomos do observatório ALMA viram algo bem surpreendente pela primeira vez: um estranho formato tridimensional em espiral dentro de uma estrela moribunda – e ela se parece bastante com o nosso próprio Sol. Será esta a última coisa que a raça humana vai ver?
Bem, talvez sim… se conseguirmos sobreviver a cinco bilhões de anos. Mas essa pergunta é apenas parte do que o ALMA, o maior projeto astronômico que existe, está tentando descobrir no deserto de Atacama, no Chile.
De acordo com Shazrene Mohamed, coautora do estudo sobre esta estrela, “o ALMA nos dá uma nova visão sobre o que está acontecendo nessas estrelas, e o que poderia acontecer com o Sol em alguns bilhões de anos”.
No entanto, provavelmente não veremos a estrutura 3D em espiral da R Sculptoris quando o Sol morrer. De acordo com o estudo, publicado na revista Nature, um objeto invisível talvez esteja gerando esta estrutura – uma pequena estrela que orbitaria em torno desta gigante vermelha. Só que este objeto não foi observado, portanto a teoria ainda não foi confirmada.
No entanto, mais importante que saber como o Sol vai acabar daqui a 5 bilhões de anos, é a informação que esta espiral nos traz sobre a nossa origem.
A pergunta realmente importante
A equipa de pesquisa usou metade das 66 antenas de alta precisão que compõem o revolucionário telescópio ALMA para entrar direto nas entranhas desse gigante vermelha, situada a 1.000 anos-luz de distância na constelação de Sculptor. A estrela R Sculptoris é grande e próxima o bastante para ser observada até com um telescópio amador. Na verdade, você poderia até mesmo acompanhar “suas lentas variações em luminosidade” – o coração da estrela pulsando enquanto ela morre.
Os astrônomos foram surpreendidos pela espiral encontrada dentro da camada externa da R Sculptoris por dois motivos. Primeiro, porque esta estrutura lhes permite acompanhar como a estrela ejetava seu material, à medida que se expandia de uma forma semelhante ao Sol, até chegar à sua forma atual de gigante vermelha. De acordo com Matthias Maercker, principal autor do estudo, “já vimos camadas ao redor desse tipo de estrela antes, mas esta é a primeira vez que eu vi uma espiral de material saindo de uma estrela, em conjunto com uma camada ao redor”.
As deformações causadas pela outra estrela dão a ela algo semelhante a um mapa que permite aos pesquisadores voltar no tempo. É como analisar os anéis de uma árvore, vendo quais anos foram melhores ou piores para o seu crescimento. De acordo com o estudo, “As novas observações da R Sculptoris mostram que ela sofreu um evento de pulso térmico há cerca de 1.800 anos, que durou cerca de 200 anos”.
A outra descoberta surpreendente é que esta estrela tem ejetado material muito mais do que qualquer modelo previsto para este tipo de estrelas.
Isso é importante para entender como chegamos aqui. Assim como o Sol, a R Sculptoris não tem massa suficiente para virar uma supernova. Em vez disso, ela começou a crescer, cuspindo materiais pesados para o espaço. De acordo com Maercker, esses elementos pesados são as matérias-primas que fazem futuras estrelas e planetas como a nossa, elementos que, pelo menos uma vez, se combinaram para criar um planeta capaz de abrigar vida:
Num futuro próximo, as observações de estrelas como a R Sculptoris usando o ALMA nos ajudarão a entender como os elementos dos quais somos compostos chegam a lugares como a Terra.
O vídeo acima mostra a estrutura interna da estrela, capturada por ALMA de forma semelhante à tomografia computadorizada, mostrando camadas através de dados obtidos a uma frequência ligeiramente diferente. A “estrutura clara em espiral no material interno fica mais nítida no meio do vídeo”, de acordo com os cientistas.
Fonte: Gizmodo
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