No boletim da SBEDV, há o retrato falado dos seres extraterrestres que João avistou na Serra do Moura; eles tinham aproximadamente 1,50 metro de altura segundo o boletim / Foto: Divulgação
O ufólogo paranaense Ademar José Gevaerd, de 54 anos, pesquisa sobre o tema desde os 14 anos / Foto: Divulgação
A pedido da reportagem, João Romeu Klein, de 54 anos, voltou ao local em que passou pela experiência - Crédito: Juliana Eichwald
João avistou a nave e os três extraterrestres na Serra do Moura, divisa entre Brusque e Canelinha / Foto: Juliana Eichwald
João Klein vivenciou o fato aos 19 anos na Serra do Moura; caso foi estudado pela Sociedade Brasileira de Discos Voadores.
Enquanto o olhar de João Romeu Klein percorre a estrada de barro que leva os visitantes até uma das extremidades da Serra do Moura, na divisa entre Brusque e Canelinha, a mente do aposentado busca retroceder no tempo e relembrar o mesmo cenário na década de 70. Naquela época, a família Klein era proprietária de 500 hectares de terra no mesmo local. Os pais de João cultivavam fumo, trigo e cana de açúcar.
Voltando àquele período, as residências que dividem espaço com as árvores e com o campo dão lugar às estufas de fumo, aos engenhos de farinha e de cana, e à casa da família Klein. Lá, João morou até os 19 anos. Durante a juventude, ele ajudava o pai no trabalho de campo, inclusive com a plantação e com a colheita de fumo e dos demais produtos cultivados no local.
Na década de 70, os moradores da Serra do Moura precisavam de geradores para ter acesso à energia elétrica. À noite, a estrada de barro que interligava as casas era iluminada apenas pela luz da lua. No inverno, quando o sol se punha mais cedo, por volta das 18h a estrada já estava praticamente embargada na escuridão.
Foi em uma dessas noites de inverno – em 3 de setembro de 1976 – que João, aos 19 anos, vivenciou uma das experiências mais surpreendentes de sua vida, que geraria, ao longo dos anos, curiosidade de pesquisadores do Brasil e até do exterior. Ele virou notícia na região e também foi entrevistado por ufólogos da, na época conceituada e hoje extinta, Sociedade Brasileira de Discos Voadores.
“Eu estava indo sozinho e a pé até a casa de um amigo para convidar ele para caçar durante o fim de semana. No meio do caminho surgiu uma luz e um objeto na minha frente, na altura de mais ou menos oito metros, e desse objeto saiu uma iluminação para baixo e junto com ela três pessoas de estatura baixa, vestidas tipo com um macacão”, conta.
Hoje, aos 58 anos de idade e de volta ao local do fato, João diz que não gosta de relatar a experiência. Sobretudo, porque a maioria das pessoas não acredita nele. Receoso sobre a conversa com a reportagem, ele conta que pensou duas vezes antes de conceder a entrevista. Por incentivo da esposa, Neide, o aposentado topou.
“Eu não costumo falar sobre isso. Procuro evitar. Na época foi muito falado. Os jornais vieram falar comigo e os canais de televisão também. Logo que aconteceu, eu ficava lembrando da experiência. Mas pra mim, agora, esse fato não faz muita diferença e atualmente não influencia em nada”, afirma ele, assegurando também que não consumia álcool ou demais substâncias na época.
A experiência de João não se restringiu apenas à visão da nave e dos três seres. Quando percebeu que os visitantes bloquearam a estrada, João lançou uma faca em direção a eles. No mesmo instante, um facho de luz oriundo de um dos visitantes atingiu o aposentado, que desmaiou.
“Eu raspava mandioca no engenho do pai e estava com a faca que eu usava pra isso no bolso de trás durante a ida no vizinho. Então em uma fração de segundos depois que vi os seres, fiquei assustado e joguei a faca. A luz veio na minha direção e na mesma hora eu apaguei. Só acordei horas depois no Hospital Azambuja”.
Hoje, João não lembra detalhes sobre como foi atingido pela luz. Entretanto, no boletim nº 136/145 divulgado pela Sociedade Brasileira de Discos Voadores e mantido pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná (SiBi-UFPR), o pesquisador Marcelino Edmundo Claudino – que averiguou a experiência de João um ano após o ocorrido, inclusive entrevistando o próprio aposentado – relata que um dos três seres mirou um bastão em direção a João e atingiu sua perna esquerda.
“Embora só um dos três tripulantes tivesse reagido, cada um dos outros dois também portava, à direita, à altura de sua cintura, um bastão idêntico àquele. No instante em que o feixe de luz atingiu João, este foi perdendo os sentidos. Sendo depois encontrado e recolhido por vizinhos a uns 100 metros de sua residência”, diz o documento. Após a experiência, João permaneceu internado no hospital durante uma semana. A perna atingida pela luz ficou enrijecida durante alguns dias. João não conseguia dobrá-la e os médicos, para tentarem entender o fenômeno, fincavam bisturis na carne, porém, o aposentado não sentia dor.
Abdução
Ufólogo, editor da revista Ufos (publicação sobre ufologia mais antiga do mundo) há 31 anos e presidente do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), o paranaense Ademar José Gevaerd assegura que a experiência de João é verídica. Sobretudo, porque na década de 70 Santa Catarina registrou muitos fenômenos ufológicos.
“O caso de João foi investigado por um ufólogo, o seu Marcelino, e essa foi uma época de muitos avistamentos ufológicos. Em edições anteriores e posteriores a esse boletim que relata o caso do João, há outros casos em Santa Catarina, em cidade como Xanxerê e Balneário Camboriú. Então esse caso faz parte de uma onda ufológica no estado”, explica.
Gevaerd, que é filho de brusquenses [Confira a história do ufólogo no destaque], é o pesquisador responsável por averiguar o fenômeno dos agroglifos – desenhos feitos em plantações – que ocorrem em Ipuaçu, no Oeste do estado, desde 2008. Sobre o caso de João na Serra do Moura, o ufólogo diz que, provavelmente, o aposentado foi abduzido.
“Quando acontecem abordagens assim, os seres levam as pessoas para dentro da nave. Isso já aconteceu milhares de vezes no mundo inteiro. Eu diria que mais de dez mil casos em todo o mundo. E isso são casos que a gente conhece e pesquisou. Sabemos que só conhecemos um a cada dez casos que ocorreram. Porque a maioria das pessoas não se lembra de nada ou não conta pra ninguém o que acontece”, afirma o ufólogo.
Embora não se recorde dos fatos que se sucederam após o desmaio, João diz que não acredita que possa ter sido abduzido. Ele afirma que não havia tempo hábil pois foi encontrado cerca de uma hora depois do desmaio. Por outro lado, para o ufólogo, isso apenas confirma a abdução, sobretudo porque João não se lembra do ocorrido. De acordo com Gevaerd, as espécies que abduzem os seres humanos apagam ou escondem da mente do abduzido as ações que ocorreram dentro da nave.
Outra experiência
Questionado sobre experiências semelhantes a que vivenciou na Serra do Moura, João diz que, em 1994, durante uma viagem que realizava sozinho a Rio Branco, no Acre, foi acompanhado por uma luz durante cerca de uma hora.
“Quando eu era caminhoneiro e levava uma carga na divisa com a Bolívia, fui acompanhado por essa luz. Ela estava a uns 500 metros na minha frente no céu. Eu fiquei nervoso, mas não podia mudar a rota ou ir mais rápido porque a estrada era ruim. Ela ficou acompanhando e depois sumiu”, lembra.
“Não é ficção científica”
Filho de brusquenses, o ufólogo paranaense Ademar José Gevaerd, de 54 anos, não visita Brusque há cerca de 20 anos embora ainda tenha parentes residindo no município. Quando descobriu a experiência de João Romeu Klein, interessou-se com carinho pela história, em especial por ter acontecido na Serra do Moura.
A paixão de Gevaerd pela ufologia surgiu quando ele tinha 12 anos, época em que começou a pesquisar sobre o aparecimento de Objetos Voadores Não Identificados (Ovnis) e de seres de outros planetas. Com 14 anos, começou a fazer conferências sobre o assunto, e com 21 fundou o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), com sede em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Em 1985, fundou a revista UFO, da qual é editor desde então. A publicação é a única sobre Ufologia existente no país e a mais antiga em circulação em todo o mundo. Segundo o ufólogo, a revista é recordista também em tiragem.
Gevaerd conta que foi abduzido nos anos 90, quando estava em um hotel em Fortaleza. O relato completo da abdução pode ser conferido por meio do vídeo “Abdução do ufólogo A. J. Gevaerd” disponibilizado no Youtube.
Para relatar as experiências na área ufológica, explicar alguns fenômenos e falar sobre o caso de João Klein, o ufólogo conversou com a reportagem. Temas como abdução e como aspectos dos seres extraterrestres foram alguns dos tópicos da entrevista.
Ovnis
“Os Objetos Voadores Não Identificados (Ovnis) são veículos que viajam entre planetas levando coisas e tripulantes. Inúmeras vezes esse veículos param e os tripulantes descem e estabelecem algum tipo de contato conosco. Isso é uma espécie de curiosidade que eles têm. E por serem mais avançados e por terem a tecnologia de viajarem no espaço eles nos visualizam como seres mais atrasados. Quando descem da nave, eles fazem isso com muita cautela”.
Abdução
“A cada mil avistamentos de ufos no céu voando para lá e para cá, há uma abordagem. Isso é estatística. A nave desce e os tripulantes descem da nave. Eles podem ou não ter contato com o ser humano. Porque muitas vezes eles descem em lugares em que não há pessoas próximas. Aí eles removem pedras, arbustos, mexem na terra, recolhem plantas. Como se fossem cientistas que veem até aqui. Quando eles encontram com seres humanos eles podem entrar de novo na nave e ir embora ou eles estabelecem o contato. Muitas vezes gesticulam ou até falam com a testemunha, em alguns casos até no idioma de própria testemunha, mas geralmente de maneira telepática. Quando há alguma interação maior entre esses seres e as testemunhas, elas são levadas para dentro da nave, às vezes a convite e às vezes na marra. Nos casos em que é na marra, isso é chamado de abdução. Isso não é ficção científica. Isso é o que acontece”.
Procedimentos na nave
“A abdução é um processo de investigação da espécie humana conduzido por esses seres. São vários os seres. Nós não estamos sendo visitados por uma única espécie, mas por várias espécies. Nós sabemos que quando uma pessoa é abduzida, muito provavelmente os seus pais podem ter sido e os seus filho ou netos podem vir a ser. Os seres se interessam pela linhagem genética da pessoa. Eles fazem um acompanhamento da nossa evolução enquanto espécie fazendo essas abduções das diferentes gerações”.
Características dos seres
“Esses serem têm em comum entre eles e conosco o fato de serem humanóides. A característica deles é sempre de ter dois braços e duas pernas presas a um tronco sobre o qual há um pescoço e uma cabeça. Eles têm dois olhos, um nariz, uma boca e dois ouvidos. Eles não têm três olhos e não tem quatro braços, eles têm o formato humano. Isso é a coisa mais impressionante que há. Se eles são mais altos, mais baixos, mais gordos, mais claros e mais escuros, isso é um detalhe. Se você hoje entrar num shopping center, você vai encontrar pessoas parecidas, mas muito diferente entre si. Gordinhas, altas, magras, barbudas, carecas. Então essa distinção também existe em outros planetas”.
Aspectos das naves
“Normalmente as naves são como se fossem um prato raso com um prato de sopa por cima. Mas também existem objetos que são totalmente esféricos, há alguns que são triangulares e há os cilíndricos. Os cilíndricos geralmente têm grandes proporções e são as chamadas naves mães, que são as que trazem os objetos menores para exploração dentro da atmosfera”.
Documentos do governo
“O governo brasileiro até pouco tempo não revelava o que sabia sobre discos voadores. Aí nós, da revista Ufo, fizemos uma campanha para que o governo abrisse seus documentos secretos. A campanha se chamou “Ufos, liberdade de informação já!” e deu certo. O governo se sensibilizou e de 2007 para cá começou a abrir um total de 7 mil páginas de documentos que até então eram secretos e que revelam ocorrências de discos voadores no Brasil. E casos até investigados pela Força Aérea Brasileira, inclusive de perseguições de aviões militares. Tanto deles perseguindo os ufos quanto dos ufos perseguindo eles”.
Fonte: Município Dia a Dia
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