Observações de um confronto cósmico entre uma enorme nuvem de gás e o buraco negro no centro da galáxia têm gerado debate entre astrónomos. Um estudo sugere que a nuvem, chamada de G2, seria, na verdade, um par de estrelas que se fundiu numa muito maior. Cientistas chegaram a esta conclusão depois de observarem que a G2 sobreviveu a uma aproximação ao buraco negro da Via Láctea, conhecido como Sagitário A* (Sgr A*).
«Uma nuvem de gás não faria isso», disse a professora Andrea Ghez, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), co-autora da pesquisa na publicação científica Astrophysical Journal Letters.
Mas outros astrónomos não estão tão seguros, e sugerem que uma nuvem de gás mais compacta ainda é compatível com as descobertas.
A partir de uma certa distância, nada pode escapar da atracção de um buraco negro, nem mesmo a própria luz.
Astrónomos já tinham visto a G2 ser esticada como um fio de espaguete pelo campo gravitacional extremo do buraco negro. Por um longo período de tempo, esperava-se que cerca de metade da nuvem fosse engolida, com o restante arremessado no espaço pelo Sgr A*.
A aceleração da matéria na nuvem detonaria uma chuva de raios-X - os aguardados fogos-de-artifício celestes - que ajudaria os astrónomos a entender mais sobre o nosso buraco negro.
Mas Ghez explicou que a nuvem teria sido «completamente inafectada pelo buraco negro; sem fogos-de-artifício».
A equipa propôs uma explicação alternativa para a G2 com base no estudo detalhado da nuvem com os enormes telescópios ópticos e infravermelhos do Observatório Keck, no Havaí.
Na opinião deles, o objecto é, de facto, melhor explicado como sendo um par de estrelas - um sistema binário - que tinha orbitado o buraco negro. As estrelas, então, fundiram-se para formar uma estrela extremamente grande envolta em gás e poeira.
Mas Stefan Gillessen, do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, em Garching, na Alemanha, e que não esteve envolvido no estudo recente, sustenta que a interpretação original da G2 pode ser mantida. Gillessen liderou a equipa que detectou a nuvem vermelha a aproximar-se da Sgr A*, relatando a sua descoberta na publicação científica Nature em 2012.
«Os factos observacionais são claros, eu acho: há gás, o que mostra uma bela evolução das marés, como testemunhado nas velocidades radiais. E há emissão de poeira, que parece ser compacta», disse Gillessen à BBC.
Ghez e os seus colegas sugerem que o objecto recém-formado, no final, parecer-se-á com as maciças jovens estrelas que estão firmemente agrupadas em torno do buraco negro da Via Láctea - as chamadas estrelas S.
Eles também propõem que a influência gravitacional do buraco negro poderia fazer com que fusões de estrelas binárias sejam mais prováveis ao aumentar a excentricidade das suas órbitas.
Fonte: DD
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