É hoje! Marty chega finalmente ao futuro



Há 30 anos, a trilogia "Back to the future" antecipou como íamos viver. Marty entrou no carro e viajou até ao futuro, que é hoje, 21 de outubro de 2015. Quantas profecias se concretizaram?

É tudo muito rápido e logo a abrir o início do segundo filme da trilogia "Regresso ao futuro": o DeLorean, carro transformado em máquina do tempo, eleva-se graciosamente no ar, recolhe as rodas, acende os jatos e sai disparado em voo pelo céu acima, desaparecendo magicamente atrás de dois fumíferos riscos de fogo.

Depois estampa-se no ecrã o nome do filme e começa a troar a música rompante de Alan Silvestri, trompetes, trombetas e cordas finas perfumadas de aventura. Um segundo antes, Doc, o cientista lunar de olhos bugalhudos e cabelo branco ouriçado, inventor do DeLorean DMC 12 "kitado", dissera a sua célebre frase: "Estradas? Para onde vamos nós não precisamos de estradas!".


A viagem ficcional que começa depois, de 1985 a 2015, leva os protagonistas Marty McFly (Michael J. Fox), a namorada dele Jennifer (Elisabeth Shue) e Doc Emmet Brown (Christopher Lloyd) a um tempo que hoje faz História: 21 de outubro de 2015, o dia em que o futuro - mirabolante, exótico, ácido, cercado de distopia - foi vislumbrado há 30 anos pelo cineasta Robert Zemeckis e o seu coargumentista Bob Gale. Pasme-se: o tríptico (o 1.º filme é de 1985, o 2.º de 1989, o terceiro de 1990), todo ele uma espirituosa alegoria científica, levíssima como o coração de Capra, sobreviveu sem rugas à passagem estrondosa do tempo até hoje.

Apesar de todo aquele futuro ser burlesco e irónico - a série "Tubarão" nunca chegou ao 19.º filme, ficamos pelo "Tubarão 4"; também ainda não temos cinema holográfico -, ver carros a voar é a primeira profecia da fita que está por concretizar: não só os veículos hoje não voam, como estamos longe de abandonar combustíveis fósseis e passar a alimentar carros com lixo catado do caixote em motores de energia nuclear doméstica. Pelo contrário, a crença era plena naquele que é o maior ícone do filme: o hoverboard, skate voador em que Marty foge ao vilão, o "bullier" Biff - que acaba humilhado numa cena antológica, com o seu carro submerso num camião carregado de excremento. O hoverboard já existirá em laboratório (marca Hendo), mas o seu campo magnético só o faz levitar em pista própria. O mesmo nas sapatilhas Nike que auto-apertam cordões: 30 anos depois, a Nike trabalha ainda num protótipo.


Opor profecias e concretismo pode levar-nos a um caminho frustrado, mas aquelas são de mais. Eis o que ainda não temos: roupa ajustável que fala connosco, teasers indutores de sonho, relógios que preveem o clima rigorosamente ao segundo, drones repórteres, drones que passeiam o cão, drones que passeiam o avô, pagamentos bancários com impressão digital, microcomida hidratada em micro-ondas, pranchas de surf a jato, e sentenças de Tribunal duas horas depois de o criminoso ser detido. O que temos? Basicamente isto: videofones, óculos de realidade aumentada e é só.

Magnífica cápsula intemporal de cinema que preserva a juventude de quem o vê, "Regresso ao futuro" retrata com otimismo a raça humana: crê que é possível desafiar as leis do universo - isto é Deus - e triunfar. Por isso e por tudo, hoje todos lhe devemos um obrigado.

Fonte: JN
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